terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Tonal / Atonal

Precisamente porque tinha como modelo a tonalidade clássica, os compositores da escola de Viena parecem tudo fazer para não cortar as suas ligações com ela. Schoenberg e Berg recusaram, inclusive, o termo de 'atonalidade', o qual nunca tinha sido proposto por eles, mas sim pelos seus detractores. «O termo "atonal", - diz Berg, - chegou a designar , colectivamente , a música da qual não somente se afirmava que não possuía centro harmónico (a tonalidade na acepção de Rameau), mas, igualmente, aquela privada de todos os outros atributos musicais como os melos, o ritmo, a forma parcial ou geral; tanto que o termo refere-se, hoje em dia, a uma música que é uma não-música» [1930, Ed. 1971 p. 1311]. Berg não quer, portanto insistir numa ruptura entre os parâmetros tradicionais da música tonal e o novo estilo; ao contrário, deixa bem claro que, à parte os modos maior e menor, «todas as características que esperamos de uma música verdadeira e autêntica estão presentes... Nesta música, como em qualquer outra, a melodia, a voz principal, o tema são fundamentais, porque , num certo sentido, o desenrolar da música é determinado por eles» [Ibid., p. 1312].

(Nattiez, 1984, p. 345).


Nattiez, J. (1984). Tonal/Atonal. In R. Romano (Dir.), Enciclopédia Einaudi, (Vol.3, pp.329-356). Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda.

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