quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A propósito de Schoenberg

Por vezes os trilhos são difíceis. Aceite a dificuldade de iniciar este trabalho debato-me com a procura de um nome para o blog. Várias foram as tentativas e todas já apropriadas, levando-me a conjecturas de todo o género. Ainda assim, esgotadas.
Creio que a música do momento começou assim, naquele, em que me lembrei deste livro que há duas décadas atrás me fez descobrir Schoenberg, a escala dodecafónica, o serialismo, a par da percepção, em geral, na compreensão da obra de arte.

Apenas umas notas, segundo o autor:

A plasticidade confusa é mais eficiente para a eficiência da visão do que a confecção de formas e moldes precisos. (1977, p.30).

De alguma forma como aconselha Paul Klee, um bom artista deve ser capaz de conservar todo o plano do quadro em um único foco de divisão. Ao traçar uma única linha ele estará dando automaticamente uma forma estética ao negativo que tal linha destaca do fundo.

O artista tem a facilidade de espalhar flexivelmente a atenção, quando mais não seja devido à sua necessidade de reter todos os elementos do quadro em uma única e indivisível atenção. (Ibid., p. 38).

O "vazio" completo da atenção também existe na audição. É o próprio Paul Klee quem faz a ligação entre a pintura e a música. Ele chama de "multidimensional" e também de "polifônica" sua atenção dispersa que pode abranger todo o plano do quadro, expressão essa que, felizmente, reforça a sua estrutura irracional. (Ibid., p. 38).

Schoenberg, que foi o primeiro a fazer uso da serialização sistemática, concordava que sua equivalência era reconhecida apenas inconscientemente. Em uma "variação" clássica de um tema muitos elementos podiam variar livremente, mas normalmente se conservava a sequência da progressão harmónica. (Ibid., p. 47).

Ehrenzweig, A. (1977). A ordem oculta da arte: A psicologia da imaginação artística, (2ª Ed.). Rio de Janeiro: Zahar Editores.

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